ENSAIOS NÃO-DESTRUTIVOS

Conheça os líquidos penetrantes, método usado no setor industrial para fazer diagnóstico de estruturas sólidas

Larissa Lins
14/08/2019
ENSAIOS NÃO-DESTRUTIVOS

Todo mundo sabe que as técnicas radiológicas são empregadas na área da saúde para fazer imagens médicas, diagnósticos e tratamentos de pessoas e animais. Entretanto, o que pouca gente ainda sabe é que a tecnologia também é usada para fazer a inspeção e o diagnóstico de superfícies e estruturas metálicas no setor industrial. Esse tipo de procedimento é conhecido como ‘ensaio não-destrutivo’ (END) e, como o próprio nome já diz, trata-se de um método que permite avaliar determinado material, sem alterar suas propriedades físicas, químicas, mecânicas e dimensionais. 

Um dos tipos de END mais usados na indústria são os líquidos penetrantes, também conhecido como teste de penetração ou corante penetrante. A técnica consiste em aplicar uma substância fluorescente na área de estudo. Após a remoção do excesso de líquido, a parte retida nas descontinuidades e falhas é realçada por meio de um revelador. Assim, se obtém a imagem nítida de possíveis imperfeições, tais como trincas, rachaduras, dobras e outros defeitos. Os líquidos penetrantes podem ser aplicados em todos os tipos de materiais sólidos que não sejam porosos, como alumínio, ferro, cerâmica, cobre, magnésio, aço, carbureto e em alguns tipos de plástico.

Os ensaios correspondem a uma série de tecnologias desenvolvidas por meio de princípios físicos utilizados para inspeção de materiais e equipamentos sem danificá-los, sendo assim capazes de obter informações a respeito de falhas em um determinado produto, das características tecnológicas do material utilizado e até da deterioração em serviço de componentes, equipamentos e estruturas. É útil tanto para a fabricação de produtos e quanto para o acompanhamento da produtividade em plantas industriais.

Por não necessitar de aparelhos eletrônicos, o ensaio por meio de líquidos penetrantes é o mais barato método de testagem disponível no mercado atualmente. O método pode ser usado em vários materiais diferentes, tanto em metais como em cerâmicas e tipos específicos de plástico. Para a aplicação, o material a ser examinado deve ser rigorosamente limpo e o líquido penetrante deve ser aplicado na superfície. Após a remoção do excesso de fluido, um revelador faz o líquido retido sair da descontinuidade. A imagem da falha fica então desenhada sobre a superfície.

Na radiologia industrial, existem diversas técnicas diferentes de inspeção. Algumas delas, como a radiografia, envolvem uma alta quantidade de radiação ionizante e, por isso, devem ser executadas com o máximo de cuidado e sem esquecer da radioproteção.

Evolução da técnica
Com a expansão constante dos eixos ferroviários nos Estados Unidos no século 20, veio a necessidade de aprimorar cada vez mais as tecnologias de segurança nos trilhos, já que o peso de grandes cargas sempre trincavam ou partiam as estruturas metálicas. As fendas podiam ser notadas se bem observadas, mas a falta de limpeza dos trilhos não ajudava. Então, uma equipe de engenheiros desenvolveu o “método do óleo e giz”, nome inicialmente dado à técnica dos líquidos não-penetrantes.

Na época que começaram as inspeções, os eixos eram rigorosamente limpos com água fervente ou qualquer solução decapante e, em seguida, eram bem enxutos. Depois eram colocados em tanques com óleo e querosene, nos quais ficavam imersos por horas e, as vezes, dias para, posteriormente, seres retiradas e limpas com querosene. Quando as peças estava completamente secas eram superficialmente pintadas com uma camada branca de giz e, por último, a peça era martelada e onde houvessem trincas, o óleo manchava a película de giz.

A prática foi usada por alguns anos, até que entrou em desuso pelo surgimento de procedimentos mais simples. Contudo, em meados de 1940, um ambientalista e empresário chamado Robert C. Switzer modernizou todo o procedimento com a inserção de líquidos fluorescentes. Com a nova tecnologia, o ensaio foi industrializado e voltou ao mercado, mostrando-se de grande valia durante a 2° Guerra Mundial, no teste de veículos aéreos utilizados pelos Estados Unidos.