ESPECIAL TECNÓLOGOS

Ações do CONTER junto aos órgãos federais e estaduais para a construção da qualidade nos cursos superiores de radiologia

Laércio Tomaz/Assessoria de Imprensa
18/07/2011
ESPECIAL TECNÓLOGOS

O I Encontro dos Coordenadores dos Cursos Superiores de Radiologia foi aberto pela presidenta do CONTER, Valdelice Teodoro, que falou sobre as ações do CONTER junto aos órgãos federais e estaduais para a construção da qualidade dos cursos superiores de tecnologia radiológica. A seguir, veja os principais tópicos abordados:

 

O tecnólogo e o mercado

Embora a posição do tecnólogo em radiologia esteja clara dentro do mercado de trabalho, principalmente para nós, que lidamos com a questão cotidianamente, vale lembrar que a falta de um marco regulatório dificulta a definição das atribuições deste profissional, bem como o seu reconhecimento. Vale salientar que o tecnólogo é considerado profissional de nível superior e deve ser reconhecido como tal, tanto no que concerne ao seu posicionamento social quanto à sua remuneração. Todos nós, dirigentes e coordenadores de cursos, estamos comprometidos com isso, querendo ou não. A melhoria das condições de vida e trabalho dos tecnólogos em radiologia se dará na medida em que ações práticas e articuladas direcionarem um novo rumo, que atenda às necessidades da classe. Portanto, devemos sair daqui hoje com estratégias que orientem uma luta nacional em defesa dos interesses coletivos da categoria. Já não é sem tempo. Precisamos sensibilizar a sociedade e a classe política em relação às necessidades dos tecnólogos.

 

Ações políticas

Infelizmente, o fato em si não é suficiente para sensibilizar as autoridades. Somente com uma lei que assegure o exercício profissional do tecnólogo em radiologia ficará claro para todos quais são as cláusulas que regem a profissão. Atualmente, existe um projeto de lei (PL  n.º 2.245/2007) em tramitação no Congresso Nacional que pretende regulamentar a matéria. Ele se encontra na Comissão de Educação e Cultura (CEC), sob relatoria do deputado Ângelo Vanhoni (PT/PR). De lá, deve seguir para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Creio que num caso como esse podemos exercer pressão sobre nossos representantes, alertando para a importância da aprovação do projeto, que seja por e-mail dep.angelovanhoni@camara.gov.br.

 

Formação dos novos profissionais

Se por um lado temos que nos ocupar da regulamentação da profissão do tecnólogo em radiologia, por outro, temos responsabilidade ainda maior com a formação dos novos profissionais. Vale salientar que não se pode, hoje em dia, formar profissionais com deficiências no que diz respeito às especificidades da profissão, para quando forem exigidos pelo mercado de trabalho, não deixarem a desejar no desempenho das funções. Precisamos reavaliar o currículo escolar, identificar as carências e corrigir as lacunas na formação dos tecnólogos. A questão educacional no Brasil é extremamente complexa, dada as dimensões continentais do país. Portanto, melhorar a qualidade da formação no ensino das técnicas radiológicas é tarefa árdua, mas pode começar por nós mesmos, pelas nossas propostas e pelas nossas aspirações de contribuir para um sistema de saúde melhor. O que podemos fazer para melhorar o status dos cursos tecnológicos de radiologia? O que falta para uma educação melhor?

 

O que está errado?

Embora ainda não exista uma lei que regulamente a profissão de tecnólogo em radiologia, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) reconhece a especialidade dentro do Classificação Brasileira de Ocupações. Então, se o governo federal já reconhece a categoria, o que leva à desorientação do mercado quanto à inclusão desta nova categoria de tecnólogos? Principalmente no setor público, a função deveria estar clara e devidamente remunerada, mas não está. De certo, o Brasil está cheio de ciclos viciosos, que não permitem uma dinâmica de mercado tão sofisticada. Esse panorama demanda dos gestores e professores dos cursos tecnológicos em radiologia uma percepção aguçada no que se refere ao movimento da cadeia de trabalho. As instituições de ensino devem oferecer ao estudante informações que lhe permitam transitar com propriedade de quem conhece bem as nuances do que está lidando. Nada é mais estigmatizado do que um tecnólogo mal formado e desorientado dentro do mercado de trabalho.  

 

Formação continuada

O tecnólogo só será reconhecido como um profissional diferenciado quando provar que oferece um serviço diferenciado ao mercado. Ele tem que ir além do que pode fazer o técnico. Para tanto, tem que estar a par do desenvolvimento científico. O aluno deve ser incentivado a não parar de estudar nunca.  Motivar a participação em congressos e workshops e realizar debates produtivos dentro do próprio ambiente escolar, com a participação da comunidade, são exemplos de pequenas ações que podem despertar no estudante a busca contínua por conhecimento.

 

Vale o que está escrito

Nós sabemos que a maioria dos alunos não conhecem as leis e as resoluções que regem a profissão de tecnólogo em radiologia. Entretanto, sabemos também que tudo está disponível no portal do CONTER (www.conter.gov.br). As escolas têm a obrigação de conduzir o aluno a acompanhar as notícias do conselho, pois interferem direta e imediatamente na vida deles. Culturalmente, o brasileiro é indisciplinado em relação a isso. Cabe às instituições de ensino interver esse paradigma e tornar o aluno mais observante em relação as legislações. Estejam certos: não há como ser um bom profissional sem conhecer os códigos que disciplinam a conduta.

 

Ambiente escolar

Vivemos um momento sem precendentes, em que qualquer informação pode ser acessada de qualquer lugar do mundo. Isso deve ser usado em favor do aluno. Quem trabalhou com educação antes de meados da década de 1990 entende o que falo. Antes, o acesso à informação científica estava reduzido aos poucos que podiam comprar revistas especializadas e livros caros. Agora, existe um arsenal de informações, disponível, gratuitamente, para quem quiser, em qualquer lugar, na internet. Todas as possibilidades devem ser exploradas, são justamente as coisas complexas que mobilizam as pessoas. Os coordenadores são o elo entre a diretoria e os professores, que estão na ponta da operação. Deve promover a sinergia entre os setores da instituição, de modo a criar ambiente propício para o uso das novas tecnologias que aperfeiçoem o desenvolvimento intelectual do aluno.   

 

O papel das instituições de ensino

A função da escola vai além de ensinar, ela deve cultivar sonhos. Quando um brasileiro se torna aluno, o faz com o objetivo de melhorar e evoluir como ser humano, de ajudar a sua família, sua comunidade. Sendo assim, a escola cumpre, também, a função de viabilizar projetos de vida. Cada um de nós deve se sensibilizar em relação ao nosso papel nessa história, pois estamos interferindo diretamente na vida das pessoas. Coordenar a educação profissional na saúde é tarefa muito séria, exige responsabilidade e comprometimento. Pode parecer clichê, mas quem trabalha somente em função do dinheiro não contribui para a educação de quem quer que seja. Busque ir além das suas possibilidades toda vez que for defender os interesses dos alunos e professores.