JAPÃO

Radiação afeta mais as crianças, dizem médicos

Flávio Freire e Jaqueline Falcão/O Globo
22/03/2011
JAPÃO

Depois do acidente com os reatores japoneses em Fukushima, a população da área foi exposta a pelo menos 8 mSv (milisieverts) de radiação, uma quantidade que em pouco mais de 12 horas de exposição contínua chegaria facilmente a cem.


É a partir deste nível que o perigo de doenças aumenta, como lesões de pele, problemas digestivos (incluindo náuseas e vômitos) e doenças respiratórias. Com 1 mil mSV aumentam as chances de danos à medula óssea, nossa fábrica de sangue, ocorrendo a redução de hemácias, leucócitos e plaquetas. E uma dose acima de 7 mil mSv mata em poucos dias.

Só para ter uma ideia, nas instalações da central nuclear, esse índice alcançou 400 mSv. A médio e a longo prazo (entre cinco e 20 anos) o material ionizante (quando tem energia suficiente para alterar os átomos) liberado por vazamentos nucleares pode causar mutações congênitas e malformações em gerações futuras.

Os cânceres da glândula tireoide, leucemias e linfomas são os mais frequentes depois de acidentes desse tipo.

Segundo o médico espanhol Eduardo Fraile, presidente da Sociedade Espanhola de Radiologia Médica, as consequências da radiações ionizantes em saúde dependem, por um lado, de uma relação direta: há evidências científicas mostrando que quanto maior a dose, maior o perigo de desenvolver doenças.

Mas outros fatores interferem, como a idade e as condições de saúde, além de tempo de exposição e distância da fonte de radiação. Duas pessoas podem receber a mesma dose e uma sofrer de câncer e a outra não, diz o radiologista.