LINHA DE FRENTE

Profissionais da saúde esperam colaboração

Cleide Magalhães - O Liberal (PA), com adaptações
02/02/2021
LINHA DE FRENTE

Batalha – Quem vê de perto as perdas causadas pela COVID-19 diz que falta compromisso da população com as medidas preventivas

O Pará tem 120.181 profissionais da saúde na linha de frente de combate à COVID-19 e que fazem parte da Campanha Paraense de Vacinação. Deste total, 37.205 já foram vacinados, até a noite de quinta-feira (28), informou a Secretaria de Saúde Pública (Sespa). Há mais de dez meses eles trabalham contra a pandemia dentro dos hospitais, dos centros de atendimento de urgências e nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Na sexta-feira (29/01), o Brasil já somava 221.547 mortes e 9.058.687 casos de COVID-19. Destes, 7.564 mortes e 325.562 casos ocorreram no Pará. A guerra contra o novo coronavírus parece longe do fim, mas o início da vacinação e a experiência acumulada ao longo desse tempo levam mais esperança a esses profissionais para vencer a COVID-19. Eles destacam que precisam contar com apoio também da população quanto aos cuidados contra a doença.

“O volume grande e intenso de trabalho, insuficiência ou inadequação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), em especial nos meses de março, abril e maio de 2020, e agora voltaram a ser escassos. Além das mortes em volume muito elevado, colegas próximos morrendo ou sendo infectados, familiares infectados e falta de estrutura física, principalmente no que se refere a manter os pacientes não adoecidos por COVID separados daqueles que não estão com o vírus”.

Esse é o relato da Técnica em Radiologia Karina Lopes, de 41 anos, membro do Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) e que está na linha de frente desde o início da pandemia, em março de 2020. Para ela, outro ponto ainda difícil é a falta de compromisso da população com o comportamento preventivo.

“Os cuidados preventivos são determinantes para que o vírus não alcance tanta gente ao mesmo tempo. As eleições, as festas de fim de ano, o retorno para as escolas, as praias e os espaços públicos abertos, o Enem, tudo isso vem concorrendo a favor do vírus e atrapalhando nosso trabalho. As pessoas estão morrendo e vêm piorando. Hoje, estamos na bandeira laranja e eu acredito que teremos tempos piores. A cepa está mais forte, temo pelo que possa acontecer. Se a população não se prevenir, não iremos dar conta”, afirma a profissional, que já perdeu um irmão, um tio, uma tia e muitos colegas e conhecidos para a COVID-19.

Ela pede que a população não tenha medo da vacina. “Ela é nossa aliada. Temos que fazer o isolamento, usar máscaras, a higiene das mãos, porque não temos condições estruturais, de pessoal, remédios, os equipamentos, oxigênio, estão sobrecarregados. E isso pode nos causar a necessidade de escolher entre quem terá uma chance de viver, sem garantia, inclusive. Precisamos de união e trabalhar como um grande exército. Nosso inimigo é o vírus. Temos que lutar contra ele e não a favor dele”, reforça Karina Lopes, que tem 19 anos de atuação na Radiologia e já recebeu a primeira dose da Coronavac no dia 21 de janeiro.