NEGLIGÊNCIA

Com equipamento quebrado há mais de um ano, população de Eusébio sofre sem aparelho de raios X no hospital público

Correio do Nordeste, com adaptações
04/10/2011
NEGLIGÊNCIA

Com equipamento quebrado há mais de um ano, população de Eusébio (CE) sofre sem aparelho de raios X no hospital público. Realidade é comum nos municípios mais pobres, onde o povo tem que ser transportado por horas até as capitais para ter  atendimento, que ainda está longe de ser ideal

Um antigo aparelho de raios X se encontra há mais de um ano quebrado no município de Eusébio, no Ceará. Um outro, moderno e ainda na caixa, ainda não pôde ser colocado em funcionamento porque não existe espaço adequado no Hospital Municipal Amadeu Sá. E ninguém faz nada para resolver o problema em tempo hábil.

A mesma situação se repete nos municípios mais pobres do Brasil. A manutenção dos equipamentos de raios X é negligenciada, os recursos se deterioram e são abandonados. Até a recuperação do sistema, o povo sofre, levado de um lado para outro na hora em que mais precisa de calma, tranquilidade e socorro.

Embora não haja traumatologia, o hospital mantém atendimento ambulatorial nas suas unidades de saúde. A administração afirmou que não há prejuízo para os moradores, tendo em vista que aqueles que necessitam do serviço de radioterapia são encaminhados para Fortaleza e atendidos numa clínica de imagens particular.

É justamente aí que está o maior problema. Tornou-se comum deixar o setor público às traças para transferir a demanda para clínicas particulares. Isso, além de ir contra a lógica, abre margem para a prática da corrupção e geração de lucro indevido. Configura, na mais exatidão da palavra, a supremacia dos interesses particulares sobre o interesse público, o que fere a Constituição Federal.

Ainda de acordo com os gestores, a principal dificuldade são as obras de reforma do Hospital Municipal Amadeu Sá, que ainda estão em andamento. Somente com a conclusão haverá um compartimento específico para o setor de Radiologia, conforme promete a Secretaria de Saúde do município. Todavia, isso já deveria ter sido planejado antes de quebrar a primeira máquina, para que a população não ficasse um dia sequer sem o serviço público de Radiologia.

O secretário de saúde, Mário Lúcio Ramalho, explicou que o antigo aparelho, de origem alemã, é um equipamento obsoleto e tornou-se inviável o conserto. "Trata-se de um aparelhamento totalmente ultrapassado e a Vigilância Sanitária já vinha colocando dificuldades para o seu uso, mesmo comprometendo a radiologia local", disse.

Diante disso, o município providenciou a compra, por meio de licitação, de um novo aparelho, que ainda se encontra numa caixa de madeira no almoxarifado do hospital. Segundo Lúcio, o equipamento não foi instalado no hospital, que já pertenceu ao Estado e hoje é mantido pela Prefeitura do Eusébio, porque não possui uma sala adequada.  Salientou que o novo aparelho é de fabricação nacional e representa o que há de mais moderno no segmento de suporte à radiologia. Mas só passará a funcionar quando for concluída a sala onde deverá ser instalado no Hospital Amadeu Sá. A Prefeitura passará a contar com um segundo aparelho, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA).