OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

EPIs na gaveta causam exposição desnecessária, doenças e morte

Assessoria de imprensa do CONTER
28/09/2015
OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

As pesquisas e estudos científicos a respeito da relação entre a realização de mamografias sem proteção radiológica e o surgimento de disfunções na glândula tireóide ainda são inconclusivos, mas já servem para evidenciar uma necessidade: o profissional tem que tirar os aventais e protetores plumbíferos da gaveta e dar às pacientes, sem a necessidade delas terem de pedir.

“Vi uma matéria na televisão sobre os riscos desse tipo de exposição durante o exame. Semana passada, fui fazer uma mamografia e pedi ao técnico o protetor de tireóide. Ele prontamente tirou da gaveta e me deu. Perguntei por que não me ofereceu espontaneamente. Respondeu que não sabia, mas que bastava pedir”, reclama a dona de casa Maria Aparecida da Costa, de 59 anos.

Bem, a exposição radiológica que uma mulher sofre ao fazer uma mamografia compensa, pois os benefícios do exame são maiores que os riscos associados. Entretanto, a relação de custo-benefício se torna ainda mais clara quando o técnico ou tecnólogo em Radiologia que realiza o atendimento à paciente oferece os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para reduzir, ao máximo, a incidência de radiação ionizante sobre as partes do corpo ao redor da área a ser examinada ou tratada.

Os EPIs mais comuns na área da Radiologia são avental, óculos e luvas plumbíferas e protetores de gônadas e tireóide. Os aventais mais modernos vêm com pestanas, para cobrir as glândulas mais suscetíveis que ficam no pescoço. O profissional deve oferecer a proteção radiológica. Manter os recursos de segurança na gaveta e dar ao paciente apenas se o sujeito pedir não é uma conduta correta, muito menos ética.

Para a presidente do Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER), Valdelice Teodoro, as instituições de saúde também precisam assumir a responsabilidade. “Parece surreal, mas existem profissionais que são orientados a não oferecer os EPIs para reduzir os custos do exame. Precisamos romper com essa lógica, para cumprir nossa função social de verdade. Os hospitais e clínicas radiológicas precisam ajudar a promover a cultura da proteção radiológica”, opina.

EPIs não são para ficar na gaveta, o profissional deve usar o que precisa para proteger sua saúde e oferecer todos os recursos de segurança ao paciente. Esse é um dos principais aspectos de um bom atendimento. Não basta fazer o exame, é necessário cuidar bem das pessoas.

Por outro lado, uma recomendação da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), feita em 2011, no documento Quality Assurance Progamme for digital Mamography – IAEA Hurman Heath Series (página 139) diz o seguinte:

“Na mamografia moderna, há uma exposição insignificante para outros locais sensíveis a radiação que não seja a mama. O principal valor do vestuário da proteção contra as radiações é psicológico. Se tal vestuário deve ser fornecido, só deve ser feito a pedido da paciente . O vestuário não deve ser mantido em exposição na sala de exame. A presença de aventais e colares na sala de mamografia pode sugerir que seu uso é uma pratica aceitável. O que não e o caso.”

O CONTER discorda. “Não existe risco 0, consideramos necessário e recomendamos o uso da proteção radiológica sempre. Quem editou esse documento não levou em consideração a realidade do Brasil. Não se tem ideia das condições de manutenção e calibragem de muitos desses equipamentos que estão por aí. Estou certa de que se fosse a mãe deles a fazer o exame, a disposição seria outra”, desabafa Valdelice Teodoro.

Tem um aspecto importante. A segurança deve ser acompanhada de uma boa técnica. Acontece que a utilização dos protetores e aventais deve ser bem feita, pois a má utilização desses recursos pode interferir na qualidade do exame que, se precisa ser repetido, vai causar exposição ainda maior e mais desnecessária.