RADIODERMITE

Saiba mais sobre reações que a radioterapia pode causar na pele de pacientes oncológicos

Larissa Lins, Ascom CONTER
16/05/2019
RADIODERMITE

Cerca de dois em cada três pacientes oncológicos são tratados por meio da radioterapia. É um tratamento bastante conhecido pelos profissionais da área e consiste no uso da radiação ionizante para destruir e inibir o crescimento de células cancerígenas. A terapia é cuidadosamente ministrada para preservar ao máximo o tecido saudável que será submetido à radiação; no entanto, nem sempre essas estruturas saem ilesas e, daí, surgem alguns efeitos colaterais indesejados. A radiodermite é um deles.

A patologia é uma espécie de intoxicação causada pela exposição, que forma uma lesão local e é muito comum entre os pacientes, mas a intensidade varia de acordo com fatores como a duração do tratamento, a dose total de radiação utilizada e a sensibilidade de cada pessoa – estima-se que 95% dos pacientes radioterápicos apresentem algum tipo de reação, que pode se desenvolver em quatro estágios de gravidade e se manifestam de forma similar a outras alergias da pele.

O primeiro sinal da dermatite é um tipo de bronzeamento na pele, isso acontece porque o contato com a radiação tende a provocar pequenas queimaduras no tecido, causando o escurecimento da pele no local. A vermelhidão local é uma evolução desse primeiro quadro, que pode ser seguida de uma descamação seca e possivelmente queda de cabelo na área afetada. Esses sintomas configuram o primeiro grau de manifestação.

O segundo apresenta um avermelhamento mais intenso e edema capaz de ocasionar uma descamação úmida, limitada às dobras da pele, que geralmente estão associadas a dor e bolhas que podem estourar e causar infecções. Se as descamações úmidas evoluírem para outros locais, associadas a inchado, é sinal de que a radiodermite evoluiu para o grau 3. A maioria dos especialistas recomendam a suspensão da radioterapia se o paciente alcançar este estágio de gravidade.

Contudo, Leonardo Salvi Zangarini, supervisor do setor radioterápico do Hospital de Amor, informa que a prevalência do problema tem diminuído, “graças às novas tecnologias, como a de aceleradores lineares, além de novas técnicas de tratamento”.

Ele destacou, ainda, o papel equipe radiológica no processo. “O técnico ou o tecnólogo são os profissionais da radioterapia que estão diariamente em contato com o paciente e é muito importante que eles estejam atentos aos primeiros sinais do aparecimento da radiodermite”.  Zangarini alerta, ainda, que o ideal é que ao iniciar o tratamento, o paciente já seja orientado pela equipe médica ou da enfermagem sobre esse possível efeito colateral, além dos cuidados a serem tomados. Quando isso não acontece, os profissionais da Radiologia também têm responsabilidade em direcionar os pacientes à equipe da Enfermagem, caso observe reações incomuns.

Tratamento

A prevenção é a melhor ferramenta contra a radiodermite. Como desidratação é o principal catalizador dos efeitos da alergia, a recomendação é que os pacientes redobrem os cuidados com hidratação, principalmente, nas áreas expostas.

Nesse sentido, a Aloe Vera, ou babosa, como é popularmente conhecida, contém propriedades poderosas que auxiliam na prevenção e no tratamento das complicações de pele causadas pela terapia. Para além do poder umectante, apresenta, ainda, ação anti-inflamatória e regeneradora; algumas histórias contam que Alexandre “O Grande”, imperador romano, a usava como cicatrizante para ferimentos de guerra.

A pesquisadora Philomena Barroso de Borba Simonetti Gomes abordou o uso da planta na profilaxia de radiodermite em pacientes portadoras de câncer de mama. Como a ciência já comprovou a ação cicatrizante e antiinflamatória da Aloe vera em diversas circunstâncias, Philomena formulou a hipótese de que os seus efeitos poderiam auxiliar na prevenção do mal e, a partir desse pressuposto, foi à campo para comprovar eficácia desse produto. O resultado da pesquisa, que pode ser acessada aqui, demonstrou a eficácia na prevenção do problema em pacientes com câncer de mama submetidas à cirurgia e tratadas com radioterapia.

Leonardo Zangarini adverte, contudo, que “nenhum procedimento caseiro deve ser feito sem orientação profissional”. Do mesmo modo, orienta-se não utilizar quaisquer produtos durante o tratamento sem a devida anuência do médico, pois eles podem conter componetes capazes de agravar a situação.