CONTER Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia

Assim como os humanos, os animais também sofrem acidentes, desenvolvem doenças e estão passíveis de serem examinados e tratados por meio das técnicas radiológicas. O técnico e o tecnólogo que trabalham na veterinária atuam nas diversas especialidades da Radiologia que são aplicadas ao setor, responsável pela da saúde dos animais. A Resolução CONTER nº 6/2009, no Artigo 3º, dispõe sobre o tema e enquadra a área no setor de radiodiagnóstico.

O campo é muito amplo o que define o perfil versátil do profissional que escolhe trabalhar com animais. O profissional da Radiologia deve estar ciente que lidará com os mais diversos tipos de pacientes – animais domésticos, exóticos, aves, peixes, ruminantes, equinos, entre outros. Já os setores se assemelham bastante com os da radiologia humana e incluem ortopedia, cardiologia, neurologia, urologia, odontologia, oncologia e clínica médica.  

O atendimento sempre vai depender de uma avaliação prévia do médico veterinário – inclusive aqui, deve ser atendido o princípio da justificação. Se houver necessidade de investigação radiológica, o profissional da Radiologia executa o exame dentro dos parâmetros estabelecidos, que levam em consideração a suspeita da doença, o porte e o estado do animal. Para tanto, são utilizados aparelhos fixos e móveis – nos casos de animais grandes ou se houver necessidade de o profissional ir até o local em que os bichos se encontram.

Leonardo Jesus de Souza é técnico em Radiologia e preside a Câmara Técnica de Radiologia Veterinária do Conselho Regional de Técnicos em Radiologia do Rio de Janeiro (CRTR4). Ele atua na área desde 2009 e se aprofundou nesse setor por ter uma aproximação afetiva com os animais. “Quando era mais jovem, já tive 12 gatos, e de lá para cá, diversos cães. Em 2007, descobri que o técnico de Radiologia podia atuar nesta área; foi amor à primeira vista. Hoje em dia estou na graduação de Medicina Veterinária”, revela.

Ele informa porque o perfil do profissional no setor é diferenciado. “Na Radiologia Humana, o paciente muitas vezes é orientado a se posicionar adequadamente e nós temos uma interação total com ele. Mas na Radiologia Veterinária, o processo é completamente diferente, pois o cão, por exemplo, não tem o objetivo de ajudar na realização do exame. Isso tudo acorre porque o animal está com medo, estressado e fora do seu ambiente familiar”, pondera.

Assim, todas as técnicas de posicionamento e de imobilização são pensadas levando em consideração a natureza dos pacientes. Para ilustrar, o especialista usa o exemplo da incidência lateral de tórax, em que se coloca sacos de areia na região distal dos membros para que haja um posicionamento rigoroso. Ele lembra, contudo, que os casos mais delicados podem ser acompanhados também por um médico veterinário e um anestesista, tudo para preservar o bem-estar do animal e não agravar a situação.

Além do raio X convencional  

Além do diagnóstico, tecnologia atualmente também permite o tratamento radiologico para animais portadores de variadas doenças, como é o caso do câncer.  Nesses casos, radioterapia pode ser utilizada para diversos tipos de tumores, como cutâneos, subcutâneos, nasais, orais, TVT (tumor venéreo transmissível), entre outros resistentes à quimioterapia. “O tratamento pode ser utilizado com o intuito curativo, através do qual se espera por uma remissão completa do tumor, ou com o intuito paliativo, para controlar a dor provocada pelo câncer e prolongar a vida do animal”, informa Leonardo. O planejamento radioterápico varia de acordo com cada caso.

Câmara Técnica de Radiologia Veterinária

Este ramo da Radiologia ganhou tanta notoriedade que motivou o Conselho do Rio de Janeiro a instituir uma câmara técnica exclusiva para debater questões veterinárias. O grupo elabora estudos e auxilia o órgão nas tomadas de decisões que irão influenciar o campo.

O presidente da Regional carioca, Marcello Carlos, explica que as câmaras temáticas proporcionam posicionamentos técnicos de profissionais reconhecidos nos diversos ramos da Radiologia. “As câmaras nos ajudam muito no aspecto de conhecer as especificidades. Quando temos de oferecer treinamento aos nossos fiscais, são esses profissionais que nos dizem 'olha, aqui é o caminho; vocês precisam avaliar isso nessa especialidade ou subespecialidade; aqui tem maiores problemas'. Estes fatores trouxeram para gente muitos ganhos”, comenta o gestor.