SAÚDE

Média de mamógrafos no SUS é de 1,3 aparelho por 100 mil habitantes

Agência Brasil - com adaptações
06/02/2020
SAÚDE
Dados são do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem
 
Estudo do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) revela que ainda há muita desigualdade no país, tanto em termos de distribuição de equipamentos de mamografia. No Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, a oferta média nacional de mamógrafos é de 1,3 aparelho por 100 mil habitantes. Os mamógrafos disponíveis para atendimento na rede nacional do SUS somam 2.102, mostra o estudo. “Me preocupa a baixa oferta mas também a desigualdade regional”, destacou em entrevista à Agência Brasil o médico radiologista Hilton Leão Filho, diretor de Comunicação do CBR.
 
“Mesmo que tenha esse número baixo, ele fica mais complicado quando a gente olha a distribuição”, disse o especialista. Do total de 2.102 aparelhos disponíveis, cerca de 40%, ou 847, estão no Sudeste, e desses, um pouco menos da metade, 402, está em São Paulo. A pior cobertura é encontrada na Região Norte, com 145 aparelhos. O estado do Amapá tem apenas dois mamógrafos no SUS, diz o estudo.
 
Leão Filho observou que para medir a desigualdade em termos de aparelhos de mamografia entre o sistema público de saúde e a medicina privada, os estatísticos criaram um Indicador de Desigualdade Público-Privado (IDPP). No Brasil como um todo, o IDPP é de 4,72, ou seja, as usuárias do setor privado, que são as mulheres que têm plano de saúde, têm à disposição 4,72 vezes mais mamógrafos do que a população feminina que usa exclusivamente o SUS.
 
Densidade
 
O diretor do CBR salientou que as desigualdades por unidades da Federação são significativas. Os maiores índices de desigualdade público-privada entre os setores público e privado foram encontrados em Mato Grosso do Sul (81,09), Acre (60,61) e Paraíba (53,62). “Significa, por exemplo, que as pacientes do setor privado em Mato Grosso do Sul têm 81,09 vezes mais mamógrafos do que a população que usa exclusivamente o SUS. É um número exorbitante”, disse Leão Filho. Já o Amazonas (1,38), Santa Catarina (2,53) e Paraná (3,19) têm as menores discrepâncias público-privadas.
 
Ao analisar os equipamentos em relação ao número de usuários do SUS por unidade da Federação, a pesquisa registra que a menor densidade está no Amapá (0,26 equipamento a cada 100 mil pacientes), seguido do Acre e do Maranhão, com 0,36 e 0,46, respectivamente. A densidade de mamógrafos é o número de aparelhos disponíveis para a região no setor público de saúde, dividido pelo número de pacientes que usam aquele serviço com acesso exclusivo pelo SUS e que têm mais de 40 anos de idade. Os estados com maior densidade são Paraíba (2,28), Rio Grande do Sul (1,96) e Santa Catarina (1,94).
 
Exames
 
O diretor do CBR disse que mamografia é o único exame de rastreamento que tem uma redução de mortalidade comprovada de câncer de mama. “E o mamógrafo não é um aparelho caro, comparado com ressonância magnética, por exemplo. Aí a situação fica muito pior”, disse o médico.
 
Leão Filho espera que a população feminina, especialmente, esteja se conscientizando de que, apesar de ser desconfortável, a mamografia é o único exame que reduz a possibilidade de morte por câncer de mama. O exame deve ser feito uma vez por ano por mulheres na faixa etária de 40 anos a 74 anos.
 
O especialista descartou a necessidade de proteção de tireoide na hora da mamografia. Segundo o Leão Filho, a radiação pela mamografia “é minúscula e direcionada só na mama”. A colocação do protetor pode alterar o sensor que mede o grau de radiação. “Pode dar mais radiação e pode prejudicar o exame”.
 
Ministério
 
Em nota, o Ministério da Saúde informou que o Brasil possui 2.922 mamógrafos disponíveis, que garantem o atendimento das pessoas que dependem de atendimento no Sistema Único de Saúde. O ministério completou que, nos últimos três anos, foram realizadas 12,4 milhões de mamografia no Brasil. “Cabe esclarecer que a distribuição dos mamógrafos se dá de acordo com a incidência da doença nas regiões”, concluiu a nota.