TECNOLOGIA

Sensor detecta câncer de mama seis meses antes de nódulo aparecer

G1 Campinas e Região, com adaptações
23/11/2015
TECNOLOGIA

Dispositivo criado pela Unicamp tem o tamanho de uma moeda. No Brasil surge um novo caso da doença a cada nove minutos.

Uma pesquisa da Universidade de Campinas (Unicamp) desenvolveu um equipamento que pode detectar a formação do câncer de mama seis meses antes de algum nódulo aparecer. O dispositivo, que tem o tamanho de uma moeda, possui 64 sensores. Segundo os pesquisadores, quando ele recebe sangue, transforma reação química em corrente elétrica e a partir de gráficos, ele mostra a concentração de uma proteína que se multiplica quando a doença aparece: a HER2.

"Meses antes de desenvolver o câncer de mama, essa proteína começa a ser liberada no sangue. Baseada nessa proposta, a gente tentou criar um dispositivo que fosse capaz de detectar essa proteína em concentrações bem baixas", afirma a pesquisadora Cecília de Carvalho e Silva.

Grafite de lápis

Normalmente, um microchip é feito de silício, mas para desenvolver a tecnologia, os pesquisadores da Unicamp utilizaram outro material, o grafeno, que é basicamente grafite de lápis. O método permite detectar a formação do câncer de mama seis meses antes da formação do nódulo e também poderia ajudar no tratamento, monitorando o nível da proteína durante a realização da quimioterapia. "Para saber qual estágio do câncer essa mulher se encontra", afirma a pesquisadora.

Nanotecnologia

Foram quatro anos de pesquisa do departamento de química da Unicamp em parceria com a equipe de engenharia elétrica para que o microchip pudesse ter contato com um líquido sem provocar o curto-circuito dos componentes. A nanotecnologia empregada é de fácil adaptação a outros equipamentos, como um smartphone, por exemplo.

Segundo o pesquisador Lauro Tatsuo Kubota, a tecnologia pode ser utilizada fora dos laboratórios. "Pode ser no próprio consultório médico ou em casa", explica. O equipamento pode se tornar uma prevenção ao tipo de câncer que mais mata mulheres no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). São mais de 8 milhões de mortes todo ano.

No Brasil surge um caso a cada 9 minutos e metade dos diagnósticos acontecem em estágio avançado, onde o tratamento é mais difícil. "O ideal é que nós façamos o diagnóstico da doença antes dela ser palpável, antes dela ser percebida pela paciente", afirma Cássio Cardoso Filho, vice-diretor clínico do Caism, Hospital da Mulher da Unicamp. No entanto, antes de ser feito teste em sangue humano, o dispositivo tem que ser aprovado pelo Conselho de Ética da Unicamp e não existe previsão de data para isso acontecer.