NA HISTÓRIA

Há 36 anos aconteceu o acidente na usina nuclear de Chernobyl

Luana G. Silveira/ASCOM CONTER
26/04/2022
NA HISTÓRIA

O maior desastre radioativo permanece marcado na memória e região atingida

Em 2016, a Assembleia Geral da ONU designou o dia de hoje como o “Dia Internacional da Lembrança do Desastre de Chernobyl”. O dia 26 de abril marca o maior acidente nuclear da história, que ocorreu no ano de 1986 na Usina Nuclear de Chernobyl, na cidade de Pripyat, localizada, à época, na antiga União Soviética.

No dia 25 de abril de 1986 havia uma manutenção de rotina marcada para o quarto reator da Central Nuclear de V.I. Lenin. Os engenheiros planejavam testar se o reator poderia ser resfriado caso a usina ficasse sem energia.

Durante os testes, os operadores infringiram protocolos de segurança e o reator foi sobrecarregado, o que causou diversas explosões em seu interior. Com isso, o núcleo do reator foi exposto, de modo que o material radioativo foi espalhado por uma área de 155 mil km², o que gerou a contaminação de áreas agrícolas ao redor, com Césio-137 e Estrôncio-90.

Imediatamente após o acidente, uma área de aproximadamente 10 km² ficou conhecida como “Floresta Vermelha”, pois as árvores mudaram de coloração e morreram.

(Usina de Chernobyl após o acidente)

 

Foi estimado que ao menos 28 pessoas morreram de imediato e mais de 100 ficaram feridas no momento do acidente. Segundo o Comitê Cientifico da ONU sobre Efeitos da Radiação Atômica, mais de seis mil crianças e adolescentes desenvolveram câncer com a exposição à radiação de Chernobyl.

Ainda, cerca de 350 pessoas tiveram que abandonar seus lares. Também estima-se que o desastre tenha custado cerca de US$ 235 bilhões em danos, e a atual Bielorrússia teve 23% de seu território contaminado. A primeira medida de contenção foi a construção de uma sepultura de concreto ao redor do reator com várias camadas, atualmente ele está encerrado em uma estrutura de aço implantada no final de 2016.

 

 

(Cidade de Pripyat desabitada desde o acidente)

 

Césio-137 em Goiânia e Fukushima

Um ano depois do desastre de Chernobyl, em 1987 houve um acidente radioativo no Brasil, na cidade de Goiânia (GO), onde catadores que buscavam sucata em uma clínica abandonada encontraram uma placa de chumbo com césio-137, utilizada em tratamentos radiológicos. Por chamar a atenção, o material, que tem o aspecto de um pó branco que no escuro fica com coloração azul, foi exposto à diversas pessoas na região em que foi encontrado, levando 104 à morte por causa dos efeitos da radiação e contaminando mais de mil pessoas.

Horas após o contato com o césio, os expostos já apresentavam sintomas como vômitos, náuseas, diarreia e tonturas. O material contaminado rendeu cerca de seis mil toneladas de lixo radioativo, entre roupas e utensílios que foram confinados em recipientes de concreto e aço em um depósito, onde devem ficar por 600 anos.

Já em março de 2011, três províncias do Japão foram atingidas por terremoto de 8,9 graus que gerou um tsunami, entre elas, a província de Fukushima, onde operava usina nuclear sem capacidade para resistir a esses fenômenos.

O terremoto ocasionou explosões e superaquecimento dos reatores, também, foi constatado vazamento de água radioativa no mar. O acidente forçou a evacuação da população dentro de um raio de 20km ao redor da usina, o que fez com que mais de 30 mil pessoas não retornassem a suas casas.

 

Energia nuclear pelo mundo e seus riscos

Segundo dados da Associação Nuclear Mundial (WNA), até 2019 haviam 447 reatores nucleares em operação no mundo, em 30 países. Em 2018, esses reatores foram responsáveis por 10,4% da produção de energia elétrica no mundo. Atualmente, os Estados Unidos são o maior produtor desse tipo de energia.

O desastre de Chernobyl alerta para a extrema importância da segurança nessas instalações. O acidente em uma usina nuclear pode contaminar o meio ambiente com os rejeitos radioativos que permanecem nocivos por milhares de anos, o que gera escassez no solo, água e ar para a agricultura e manutenção da vida e mutação genética de plantas e animais.

Já nos seres humanos, o contato com essa radiação se manifesta com queimaduras, alterações na produção de sangue, diminuição da resistência imunológica, surgimento de diversas doenças, infertilidade e má-formação dos órgãos de fetos.

Atualmente, o Brasil possui apenas duas unidades de usinas na cidade de Angra dos Reis (RJ).