RADIOLOGIA PELO MUNDO

CONTER entrevista profissional que atua no exterior com diploma brasileiro

ASCOM/CONTER - Luana G. Silveira*
04/11/2022
RADIOLOGIA PELO MUNDO
Quer ir morar em outro país, mas não sabe o que fazer para validar seu diploma de Radiologia? Convidamos a tecnóloga Márcia Mendonça para compartilhar sua experiência de atuação na Áustria
 
Muitos profissionais têm interesse em levar seus conhecimentos na área radiológica por meio de sua atuação no exterior. Com esse desejo, surgem questionamentos sobre a possível validação do diploma brasileiro, a depender do país para onde o profissional pretende ir. Cada local tem suas especificidades e, para entender o processo de validação do diploma brasileiro, é necessário pesquisar os requisitos solicitados por cada um desses territórios.
 
O processo é mais simples para países do Mercosul. Existe um acordo que simplifica a validação documental brasileira com Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, Peru, Guiana, Equador, Suriname, Paraguai, Bolívia e Venezuela. Neste cenário é dispensada a avaliação acadêmica e outras análises específicas necessárias em países fora do Mercosul.
 
Já em territórios de outros continentes, se requer uma tradução juramentada do diploma e histórico acadêmico - em países que não falam português, e o apostilamento de Haia, que é um certificado de autenticidade emitido pelo governo brasileiro para documentos apresentados no processo de validação. Além disso, alguns países ainda podem exigir teste de proficiência da língua estrangeira.
 
Para entender melhor sobre essa mudança, entrevistamos a TNR. Márcia Mendonça do Nascimento, que vive na Áustria desde 2018 e atua como técnica em Radiologia no país. Especialista em ressonância magnética, tomografia computadorizada e mamografia, a profissional buscou sua colocação no mercado de trabalho austríaco após ter se casado com seu companheiro, que é de origem austríaca. 
 
Horizonte para o profissional das técnicas radiológicas no exterior
 
CONTER: O que foi preciso fazer para atuar como profissional da Radiologia na Áustria?
 
TNR. Márcia Mendonça: Para validar meu diploma brasileiro de tecnóloga, tive que enviar os documentos para o “Ministério da Educação” daqui, que analisou junto ao “Ministério da Saúde” se seria possível a validação e se eu possuía os requisitos necessários.
 
Assim, enviei o diploma e a ementa das disciplinas apostiladas modelo Haia e com tradução juramentada, e meu pedido foi deferido. Então, me inscrevi para o teste de aceitação em uma escola de radiologia de lá. Esse teste é como nosso vestibular: São aplicadas provas de raciocínio lógico, matemática, alemão, conhecimentos gerais e conhecimentos básicos da área. Após a aprovação nestas provas, foi marcada uma entrevista com as supervisoras do curso, que durou mais ou menos uma hora em que fui sabatinada.
 
Márcia explica que os requisitos para a validação do diploma brasileiro foram:
 
  • Provas comissionais em que uma comissão de especialistas da área acompanham o desempenho nas provas aplicadas, são elas sobre: radioproteção, primeiros socorros, esterilização e desinfecção, direito do trabalho e legislação aplicada à radiologia. 
Segundo a profissional, todo o processo é pago: apostilamento, tradução juramentada, análise da documentação, prova de aceitação e provas comissionais. Ainda, para realizar as provas é necessário frequentar aulas dessas disciplinas no país, o que só é possível com o visto liberado. Após esses procedimentos, Márcia conta que seu diploma foi validado para ela trabalhar como técnica no país, pois segundo as autoridades de lá, atuar com o diploma de tecnóloga não seria possível, apenas se a profissional se graduasse no país.
 
TNR. Márcia Mendonça Mendonça do Nascimento atuando como técnica em radiologia na Áustria
 
CONTER: Como tem sido sua experiência como profissional das técnicas radiológicas na Áustria?
 
TNR. Márcia Mendonça: A principal dificuldade para mim é o idioma, daí vem a saudade dos familiares que ficaram, dos nossos costumes, nosso jeito, nossa cultura. O inverno é uma diferença importante, aqui temos longo tempo com temperaturas negativas. Eu me esforço bastante para me fazer entender, meu sotaque estrangeiro nem sempre é simples de compreender. A vantagem aqui é o acesso à tecnologia e a segurança social.
 
Uma diferença na área da radiologia daqui e no Brasil é que aqui não tem profissional de enfermagem na Radiologia. O que a enfermagem faz no Brasil (na Radiologia, claro), aqui é nosso serviço. Não sou obrigada a puncionar acesso, mas preparar todo o material para o radiologista, puncionar e retirar o acesso é nossa função. Não aplicamos medicações, exceto contraste. Qualquer outra, somente médicos. Outra coisa diferente é a escala de trabalho, nós trabalhamos em todas as especialidades: um dia na mama e densitometria óssea, outro dia na tomografia computadorizada ou ressonância magnética, e o bom disso é que tenho aprendido muito. 
 
Por fim, a profissional afirma que a adaptação é a chave para viver em outro país, “Nem sempre é simples, mas a gente se acostuma. Sou muito grata pela oportunidade que me foi dada aqui e também pelas que tive no Brasil, sem a base brasileira, seria muito mais difícil. Minha sugestão para quem quer ter essa experiência é estudar bastante as técnicas de exames, aprender o idioma do país o melhor que puder e também aprender inglês, mesmo se for para Portugal, ajuda muito. Se já tem o inglês, invista em outro idioma: espanhol, francês, entre outros, esse conhecimento vai ajudar muito na hora de se comunicar!
 
 
*Texto sob a supervisão de Jônathas Oliveira